sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Mesa Redonda: lobby & advocacia para aprovação do PAMRDC-Uma longa espera

Sociedade Civil & Governo
Contextualização
Desnutrição crónica em Moçambique apresenta uma das taxas mais altas da região da África Austral, no geral o país tem uma taxa de 43%, e em particular a província de Inhambane com 32%. Há muitas intervenções na província visando reduzir os actuais índices de desnutrição, contudo a não aprovação do PAMRDC que vem desde o ano 2014 até o momento constitui uma das maiores preocupações para sociedade civil. Portanto, espera-se com a plataforma provincial de nutrição advogar, monitorar bem como contribuir para a redução dos índices de desnutrição.
É neste âmbito que a Plataforma S.C.-SUN Inhambane realizou um encontro em mesa redonda com os membros do governo e a sociedade civil com vista debater assuntos inerentes a esta plataforma, de modo a encontrar meios para que a mesma surta efeitos desejados ao nível das comunidades em que se tem observado esta problemática de desnutrição. Não só, como também a apresentação dos elementos demonstram fundamental a aprovação do PAMRDC.

Plataforma provincial de nutrição
A plataforma provincial de nutrição sob umbrela do Fórum Provincial das Organizações da Província de Inhambane (FOPROI) tem realizado encontros técnicos regulares com os seus membros para discutir, advogar e harmonizar intervenções na área de nutrição. Neste contexto, em seguimento ao último encontro técnico realizado numa das salas de conferência na cidade de Inhambane deliberou-se a realização duma “mesa redonda” no âmbito da advocacia para a aprovação do PAMRDC que coincide com a semana de desnutrição infantil.
A mesa redonda teve como pontos de agenda:
1.                  Notas de boas vindas aos participantes;
2.                  Contextualização da plataforma de nutrição na província;
3.                  Exibição de documentário sobre nutrição em Moçambique;
4.                  Partilha de boas práticas (Educação de primeira infância, programa de segurança alimentar e nutricional e produção de alimentos com tecnologia de baixo custo) e;
5.                  Interligação de boas práticas, empoderamento económico da mulher e engajamento masculino.
O encontro contou com 30 participantes em representação das diversas organizações que lutam pela mesma causa, sendo elas: FOPROI, ADIPROJ, DPS-Inhambane, API, ORAM, UTOMI, UCCI, DPIC-Inhambane, DPTADR, S-REXILE, VUNEKA, DPGCAS, CCM, GHUPASSA, CSU, Plan, MAHLAHLE, OPEN, ACUDES e Associações de Camponeses (Associação Agropecuária de Conguiana, 7 de Abril, 24 de Julho, 1o de Maio, 3 de Fevereiro, 15 de Outrubro, Graça Machel, 8 de Março, Zonas Verdes, e 25 de Julho); e teve três grandes momentos, a saber: apresentação dos participantes, partilha de boas práticas, reflexões em volta da desnutrição na província e da pertinência da aprovação do PAMRDC. Fizeram-se presentes membros da plataforma, representantes de instituições públicas (Técnicos da equipe Provincial do Setor SUN/PAMRDC) e a Sra. Administradora do Distrito de Inhambane. 
Principais discussões
Depois da partilha das boas práticas da província na área de nutrição que incidiu sobre a produção com tecnologia de baixo custo, consumo dos alimentos, higiene & cuidados com os alimentos, mobilização comunitária e réplica das intervenções, surgiram discussões interessantes de vários sectores, e no tocante a tecnologias diversas que podem ser usados para a produção de alimentos com baixo custo (conforme se pode observar na figura que se segue).
Figura 1: Exposição de técnicas de produção a baixo custo
Fonte: Capturada no dia do encontro
A elevada taxa de desnutrição na província foi assumida como preocupação por todos os presentes e colocado na agenda como uma das prioridades, o trabalho em redes ou plataformas, a conjugação de sinergias e a réplica de boas práticas foram apontados como caminhos para promover a boa nutrição nas famílias e reduzir a desnutrição crónica.
Membros do Governo reafirmaram abertura para diálogo, como também informaram ter sido revisto o PAMRDC para se acomodar às necessidades específicas da província e que apenas carecia da aprovação do executivo da província, provavelmente no mês de Setembro do ano em curso (2016).
Foram colocadas duas questões de reflexão, nomeadamente:
1.                  Como faz-se a referência de crianças desnutridas?
2.                  Como garantir o enquadramento da questão de género na gestão dos alimentos?
3.                  Que mecanismos podem ser desenvolvidos para a conservação do Biomassa?
4.                  Que acções específicas devem ser conduzidas para acelerar a aprovação do PAMRDC, que servirá de guia para várias intervenções na província?
Relativamente a forma de referência de crianças desnutridas identificadas nas comunidades, estas são reportadas aos serviços de saúde através da ligação existente cuidadores comunitários e centros de saúde, sendo atribuído o tratamento clínico exclusivamente aos centros de saúde.
No que tange às duas questões retro mencionadas nos pontos 2 e 3 salientou-se a necessidade do desenvolvimento de serviços de sensibilização ao nível das comunidades, de modo a permitir que as mesmas tenham atitudes positivas sobre questões em causa. Em primeiro, a necessidade de envolvimento de todos membros da família (sem desigualdades de género), sobre questões inerentes a situação nutricional da própria família; em segundo lugar da pertinência de conservação do lixo orgânico, uma vez constituir matéria-prima para a produção do Biomassa (adubo composto especificamente de matéria totalmente orgânica).
Quanto as acções, o encontro da mesa redonda já foi um, contudo continuar-se a trabalhar em equipa, aproximar aos responsáveis dos sectores para acompanhar de perto o ponto de situação do PAMRDC. A aprovação do PAMRDC vai permitir replicar as boas práticas de nutrição, medir o impacto das intervenções, criar alianças e firmar parcerias a longo prazo.
“O Governo está sempre a vossa disposição, sugiro que reúnam-se com secretário permanente, chefes das direcções provinciais de agricultura, saúde e educação para acelerar a aprovação do PAMRDC” – Administradora de Inhambane
Apesar dessas acções que foram aqui mencionadas como as desenvolvidas, ou ainda, a serem desenvolvidas para a redução da desnutrição, os participantes foram unânimes na ideia de ser fundamental a aprovação do PAMRDC, pois, segundo eles, serviria de fundamento para a intensificação dessas intervenções.
Principais recomendações
§     Privilegiar-se o trabalho focado nas necessidades da comunidade;
§     Capacitar grupos localmente existentes tal como grupo ou associações de camponeses, para que haja mais capacidade e harmonia do que se pretende alcançar;
§     Acelerar a aprovação do PAMRDC;
Lições
§     Aposta na andragogia em fóruns técnicos como mesa redonda através de exposição, factos e evidências torna o processo de negociação e/ou advocacia mais flexível e produtivo;
§     Explorar datas comemorativas para reflectir sobre questões específicas dá oportunidade para o fortalecimento de laços, rompimento de burocracia e espaços para conversas de cortesia e informais;
Passos seguintes
§     Realizar um debate indirecto na Televisão de Moçambique (TVM) no dia 30 e Agosto para advocar pela aprovação do PAMRDC;
§     Explorar e participar de forma regular e organizada nos mídias advogando pela aprovação do PAMRDC;
§     Reportar aos decisores sínteses de encontros, posicionamentos e contrapropostas e;
Revisão, Atualização e Aprovação do PAMRDC junto do Governo Provincial.


Ponto Focal da Plataforma da Sociedade Civil-SUN

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